quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Traição e Obrigação


Para continuar nosso bate-papo, trouxe este trecho de um comentário do artigo sobre traição feminina, que achei bastante ilustrativo.


“Sentir atração é uma coisa. Consumar uma traição por mera atração é outra coisa totalmente diferente …O fato de eu amá-la me faz sentir obrigado a respeitá-la.”


[Obrigado: imposto por lei, uso ou convenção; coagido; forçado.]

Nesta afirmação ficou a sensação de que fidelidade é um comportamento onde a premissa é a obrigação. Quando, na verdade, fidelidade deveria ser uma escolha natural sem imposição por regras ou convenções morais e sim uma vontade pessoal.

O que incomoda na verdade nesta estória de ser fiel ou não é justamente a negação do desejo, pois a verdade é: deseja-se outra pessoa.
Para os homens o que comanda é a atração física: bumbum avantajado, pernas grossas, peitões saltando do decote, cabelos longos e bonitos, um corpo cheio de curvas… O start geralmente é disparado desta forma.

A mulher já considera outros atributos além da beleza, ela precisa sentir certa admiração, seja pelo papo cativante, pelo jeito bem humorado, pela inteligência. Para nós atração envolve algo mais que um mero corpo.

Fiz esta abordagem para destacar que mesmo mantendo-se fiel – não transando com outro homem – a mulher sente desejo, com um quê de admiração. E se eu fosse homem refletiria com mais calma sobre o assunto, não partiria impulsivamente, berrando aos quatro ventos que traição é coisa de gente sem caráter, insegura e coisa e talz. Na verdade “o buraco é mais embaixo”.


Uma história simples e resumida pra entender melhor sobre o que eu to falando:

Casada há pouco mais de 10 anos, tem dois filhos, ama seu marido e vive um casamento feliz e bem sucedido até então. De repente, um dia um homem despertou seu interesse, ele inicialmente sentiu-se atraído por ela e mesmo sabendo do seu casamento abriu o jogo.

Depois de ouvir as declarações do colega ela se abre com as amigas, envaidecida e feliz, comentando sobre ele muito animada, e afirmando o quanto ele era um homem interessante, bem sucedido e atraente.

Ela deixa claro que não se envolveria com o colega, era casada e precisava permanecer fiel ao marido, mas deixou claro, pelas reações, o quanto a situação a deixara empolgada.

Depois do ocorrido, para quem sabia do fato, ficava claro o quanto aquela situação mexia com a mulher, toda vez que eles se encontravam ou falavam ao interfone na empresa, um sorriso ou uma expressão de satisfação tomava conta do seu rosto.

Depois de algum tempo nesta rotina ela foi questionada pelas amigas se estava acontecendo algo entre eles, a sua resposta foi negativa e seus argumentos baseavam-se nas obrigações como esposa, mas ficava muito claro o quanto ela estava atraída, daquela forma feminina que expliquei inicialmente: uma atração carregada de admiração.

Enquanto isto acontecia, as amigas mais chegadas percebiam o quanto ela mudara o comportamento com o marido, tinha pouca paciência com ele, esquecia compromissos marcados, recusava alguns convites. Não, ela não deixara de amá-lo, mas vivia o dilema da obrigação de ser fiel e sofria com suas conseqüências.




Daí eu me pergunto, até onde é válido um comportamento destes? Reprimindo o desejo que sentia, ela cada vez aumentava mais, pois ele ia crescendo pela impossibilidade. Nesta hora é que duvido da imposição da fidelidade.

Porque algumas vezes os homens reclamam que sua companheira, do nada, começa a reclamar, falar dos seus defeitos, das coisas que a incomoda, coisas que ele nem imaginava que ela pensava? Fica estranha, mau humorada, briga por tudo? Porque isto, de onde vem este comportamento? Já pensaram sobre isto?

Não acho que a fidelidade deva ser uma obrigação, mas é assim que dita a sociedade. Ser fiel por uma motivação verdadeira, que vem do íntimo e não ditada pelas convenções e condicionamentos, esta sim é a verdadeira fidelidade, um comportamento para poucos e que não acontece sempre.

A condição humana, nossa imperfeição, faz com que muitas vezes não tenhamos esta motivação verdadeira e daí partimos para duas alternativas: trair ou nos obrigarmos a ser fiel.


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